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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

a treva é quem desacerta as cores




o carro estava ali, parado, demorando
até que veio o apagão:
de madrugadinha, tomando este e mais dois quarteirões abaixo
um buraco de escuridão medonha
no meio da cidade;
foi no instante que entrei,
antes é preciso dizer que o camarada estava
do lado de lá da rua, à esquerda da minha guarita
e era um pretume sem falhas, grosso
igual piche,
daí que o clarão medroso da chama
não vencia a espessura da noite por toda
força que fizesse
mas era o bastante para graduar a dimensão dela,
como uma vela cria tons na sombra
ou como o negror da roça são trevas
de outra matéria das que temos aqui;
ele deve de ter acendido um isqueiro ou fósforo dentro do carro,
acontece que naquela situação
o ar se encheu de grãozinhos de um cinza
mofado
mas que esplendiam com todas as cores do arco íris
fagulhas ciscando a noite, azougues
semelhavam, tanto que foi o instinto que tive:
pisquei

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Mergulho na Alma

É impossível lidar com o inconsciente por que ele é como uma pororóca de emoções , como eu já falei eu tenho crises de aminésia e quando isso acontece eu esqueço-me de muitas lembranças de minha vida + quando elas retornam ...elas jorram aos borbolhões....

Poemamania

A brisa reconfortante e morna
as lembranças que jorram
a vida que passa
que leva e que traz harmonia
lembranças que insistem em voltar

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

de leveza são capazes diversos elementos, vários gases

rondou por horas

o tormento desde o telefonema

dela

chegou, finalmente, atrasado

rezando

para que já tivesse ido embora

então

teria uma desculpa para

sair por aí,

nenhuma mulher com o bom senso e o juízo

e o orgulho

no devido lugar, perderia a chance

seria o retorno à paz

e ao desespero

àquilo que mais estava acostumado:

a infelicidade familiar traduzida

pelo gosto de nada na boca, involuntária,

a saliva

começou a descer-lhe

pela carne,

ganchos de ferro arrancavam

nacos de pele, tufos de cabelo,

(a libra de Shylock)

o apartamento em polvorosa

uma meia de náilon pendurada numa cadeira

como o rabo de um gato

que não podia mais

sorrir