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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

o pronto instante

A mulher do brâmane que trazia as frescas águas do riacho entre as mãos numa esfera de cristal, o santo cuja água podia acender lamparinas, o vidente cujo lapso de memória é o sopro divino, o verdadeiro paranóico para quem tudo se organiza em esferas aconchegantes ou ameaçadoras em torno da pulsação central de si próprio, o sonhador cujos jogos de palavras exploram fétidos poços e túneis de antigas verdades, todos eles agem essencialmente em função da relevância da palavra, ou daquilo que a palavra, como um anteparo, está ali para nos proteger. O Verbo é um símbolo e um prazer que suga os homens e as cenas, árvores, plantas, fábricas e chineses. Depois, a Coisa se torna o Verbo e volta a ser a Coisa, viva como a carne da ferida do mendigo, mas deformada e entrelaçada num padrão fantástico.

2 comentários:

Danielle Noronha disse...

muito bonito. linda cena essa que as palavras sugerem. infinito

filipe com i disse...

tks Dani, infinita é a sua gentileza.