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sábado, 17 de setembro de 2011

SAIU A REPORTAGEM SOBRE A EBVG NO JT

Atenção, pessoal. Acabou de sair a reportagem do Jornal da Tarde feita sobre a EBVG e seu mentor, William de Jesus Silva. Leiam e depois comentem sobre o assunto.

O garoto que ainda acredita em política

GILBERTO AMENDOLA

Maria Rosa de Jesus, 38 anos, conta que a televisão sempre esteve ligada em sua casa. O aparelho funcionava como uma companhia para o seu filho de seis anos, que passava muito tempo sozinho. Certa vez, entre o Jornal Nacional e a novela das nove, a chamada ‘babá eletrônica’ introduziu William de Jesus Silva ao famigerado Horário Eleitoral Gratuito. “Eu só tinha seis anos, mas fiquei encantado com os peixinhos do PSC (Partido Social Cristão). Eles repetiam: ‘PSC, PSC…’”

A partir dos ‘peixinhos falantes’, William começou a acompanhar o horário eleitoral de forma compulsiva, decorando nomes de candidatos (até do Legislativo), seus respectivos números, partidos e coligações. Hoje, aos 17 anos, ele mostra desenvoltura de especialista na hora de falar sobre política. Segundo Rosa, a política fez do seu filho um autodidata. “Ele aprendeu a ler e a escrever antes de ir pra escola”.

Ainda criança, William fazia questão de acompanhar sua mãe à zona eleitoral. Muitas vezes, acomodado no colo de Rosa, foi ele quem apertou o botão verde para confirmar o voto. Aos 11 anos, na quinta série, tentou, sem sucesso, criar ‘um grupo de discussão política’ em sua classe. “Achavam que eu era louco por gostar de política. Fico indignado com quem não se interessa por política, com quem só olha para o próprio umbigo”.

Um dia após o seu aniversário de 16 anos, William correu para realizar um grande sonho: tirar seu título de eleitor. Meses depois, na noite que antecedeu as eleições para presidente e governador, William não conseguiu dormir. “Fui cedinho para a sessão eleitoral. Fui com uma roupa boa. Sim, porque do jeito que as coisas andam, logo vai ter gente indo votar pelado”, brinca.

Do ponto de vista partidário, William é eclético. Seu primeiro voto, espalhou-se entre candidatos do PSOL, PCO, PSDB e PMDB. Ele é capaz de encontrar qualidades em todas as cores partidárias. Por isso, William costuma debater (discutir mesmo) com quem repete o discurso de que ‘todo político é ladrão’. “Não é assim. Tem gente boa fazendo política em todos os lugares”.

Céticos
Os céticos podem até encontrar conforto no que vem a seguir. A psiquiatra Júlia Catunda, do CAPS infantil (Centro de Atenção Psicossocial), coordenadora do projeto Dasdoida (grife de moda com roupas e acessórios produzidos por pacientes psiquiátricos) e que tem trabalhado com William, explica que o garoto foi diagnosticado como portador da síndrome de Asperger – um transtorno leve, cuja a principal consequência é a de acentuar características como, por exemplo, a INGENUIDADE.

“O importante é que o gosto pela política fez com que ele se sociabilizasse e se comunicasse melhor. Ele tem muitas ideias a respeito de política e de como ele pode ajudar outros jovens e crianças a se envolverem com o assunto também. William é um menino inteligente. É muito bonito ver o envolvimento dele com a política”.

Ninguém fica indiferente à paixão política professada por William. Seus amigos, parentes e colegas de trabalho (ele é estagiário na Fundação do Desenvolvimento Administrativo, a Fundap) sempre apoiaram as iniciativas do menino (leia ao lado). Apenas em uma circunstância ele foi aconselhado a ‘esperar um pouco’. “Eu queria me candidatar a vereador nas próximas eleições. Mandei uma ficha de pré- filiação para um partido. Mas não aconteceu. As pessoas me aconselharam a ficar mais maduro, mais experiente, antes de ser um político”.

Eleições de ‘Videogame’

Quando percebeu que o seu projeto de criar um grupo de discussão política na escola não iria vingar, William tratou de encontrar uma saída: inventar as Eleições Brasileiras de Videogame. A ideia original era pegar personagens de games e desenhos animados e ligá-los aos partidos reais. “Queria promover uma eleição de brincadeira”, diz.

Assim, William transformou o Pac-man em candidato do PT; o Mario Bros em político do PMDB; o Mickey Mouse filiado ao DEM; o Donkey Kong entusiasta do PSOL; o Shrek membro do PSC e o Agente 47 militante do PSTU. “Mas percebi que isso poderia dar problema de direitos autorais. Então, mudei o projeto e eu mesmo criei meus candidatos”, explica.

Hoje, William usa o blog http://ebvgbrasil.blogspot.com e uma página no Facebook (encontrada como ‘Eleições Brasileiras de Videogame’) para criar seus próprios personagens e envolver outros jovens nessa brincadeira. “Vamos promover uma eleição virtual no final deste ano”.

Para isso, William criou um país fictício chamado Bem-Bom, com seis unidades da federação e um distrito federal. Para as eleições à Câmara Videogamista e o Senado Bembonês, William está desenvolvendo partidos como o PA (Partido dos Animais), o PCA (Partido Cidade Alerta, baseado no programa do Datena); o PVSD (Partido dos Vj’s Sociais Democratas) e PVDB (Partido Videogamista Democrático Brasileiro) e outros.

Entre os candidatos desenvolvidos estão Marcela Corrêa, do Partido Zeldista Brasileiro (PZB), ligada ao feminismo e as causas sociais; a delegada Maria Antônia, do Partido Cidade Alerta (PCA) e Laura Alighieri, do Partido de Direita com Ares de Esquerda.

William está procurando apoiadores para desenvolver um site específico para sua eleição e também para produzir um ‘horário eleitoral gratuito’ para o YouTube. Ele quer contar com os ‘cosplayers’ (pessoas que se vestem como personagem de desenho animado ou quadrinhos) para interpretarem seus personagens.

O que é Síndrome de Asperger?

- Síndrome de Asperger diferencia-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso no desenvolvimento de linguagem.

- Portadores da síndrome tem interesse exacerbado por coleções (dinossauros, carros, etc.) e incapacidade para interpretar mentiras, metáforas e ironias.

- Albert Einstein e Mozart teriam traços de Asperger.

Matéria publicada originalmente no Jornal da Tarde (18.set.2010)

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