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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

vigiai as portas dos sentidos, principalmente a língua, os olhos e os ouvidos




diante de tantas máquinas pensantes
ouso sonhar

farto de figuras de linguagem
procuro um objeto direto

no samba na magrela no futebol
penso com as pernas

o abraço é ponte entre distâncias
encontro de solidões

o segredo das cartas repousa na memória
do papel
que já foi árvore
do rumor
que já foi pássaro
do canto
que já é manhã

todas as tardes o mar invade escritórios
interrompe reuniões
adia comícios
umedece a moça
assusta a praça
onde heróis de bronze
não dormem em paz

não creio que os sorrisos morem
apenas nas fotografias

nem que a lucidez habite
apenas a razão

preciso acreditar que a mentira
é também vocação da beleza
que não conseguimos alcançar

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