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sábado, 3 de julho de 2010

Ciência com consciência


István Mészáros no início de sua obra "A teoria da Alienação em Marx", afirma que sua crítica não é meramente conceitual nem subjetiva de um problema tão real e gigantesco como a alienação. Sua abordagem é bem outra. Vejamos:

Marx esboça nos manuscritos de Paris as principais características de uma nova "ciência humana" revolucionária. Por ele contraposta à universalidade alienada da filosofia abstrata, de um lado, e à fragmentação e à parcialidade reificadas da "ciência natural", de outro - do ponto de vista de uma grande idéia sintetizadora:"a alienação do trabalho" como a raiz causal de todo o complexo de alienações.

Não se pode construir uma casa sem pregos e sem tábuas. Se você não quer que uma casa seja construída, esconda os pregos e as tábuas. - Ray bradbury, Fahrenheit 451.

A motivação de mészarós é reencontrar e afirmar o sentido concreto e histórico da totalidade-unidade dialética-, através dos estudos do "Jovem Marx" e do "Velho Marx". A tese de mészáros é que essa mistificação apologética- oficializada por Stalin - Em torno da obra de Marx, nada mais é do que uma forma que o poder tem de se afirmar e se desconhecer através de seu próprio trabalho.

Ou seja, a elevação da filosofia ao reino das "abstrações" e a ciência ao domínio das "praticidades" já não é o gesto elementar da mistificação? Se tudo o que conhecemos como a centralização da produção, ou seja, a identificação que o trabalhador tem com aquilo que o mantém preso ao processo de mais-trabalhar e não reconhecer o produto do seu trabalho, quando se vende a força no processo produtivo, ao invés do produto, para alguém que se apropriará de um excedente que acumula-se longe da esfera produtiva, o que seria da ciência moderna na qual o pesquisador
vende o resultado de suas pesquisas para o significado dela ser gerado em outro registro? Já não estaríamos de novo na função do discurso da ciência que é produzir um sentido para algo que está fora de si ? E a navalha universitária revela de novo sua função produtiva primeiro mantém- se um pressuposto, para através de um exercício, chegar ao fechamento de um sentido que confirma esse pressuposto. Mas, e se o problema estiver justamente na afirmação de um pressuposto?O que que temos de imagem para que o pressuposto possa ser afirmado como tal?
Isso não se sabe, pois o ato de pressupor tem como pressuposto que temos o poder de fazer um julgamento a priori, ou seja, que a consciência tem o poder de postular algo para si. Mas isso já não é o pressuposto? Pois os dados que organizam nossa consciência são algo que a própria consciência não pode nos dar, seria como se a própria lei pudesse criar dispositivos para a execução dela mesma. É aceito que o ato de instaurar uma lei vem de uma violência exterior a ela própria.Então não seria toda a produção científica algo que necessariamente deve desconhecer para conhecer? Ou que seu desconhecimento é um pressuposto para o conhecimento. E aquele que desconhece seu próprio desconhecimento? Melhor nem pensar.

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